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Depressão: por que precisamos falar sobre isso?

17/09/2024

A depressão é um transtorno psiquiátrico capaz de prejudicar muito a saúde mental e a qualidade de vida, mas ainda é rodeado de tabus e mitos. Por isso, nunca é demais explicar e conversar sobre esse assunto.

Afinal, a depressão pode marcar presença em algum momento no decorrer da vida de 15,5% dos brasileiros, segundo dados do Ministério da Saúde. Em todo mundo, essa taxa é de 10,4%, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A OMS também revela que a depressão é a 4ª causa de ônus, ou seja, de incapacidade produtiva. O problema costuma surgir, na maioria das vezes, no final da terceira década de vida. 

Para desvendar ainda mais a respeito desse transtorno, conversamos com a psicóloga Janeth Pinheiro. Continue lendo e veja o que ela nos explicou. 

 

Quando ficar alerta a respeito da depressão?

Depois de conhecer as taxas de incidência da depressão, você deve estar pensando sobre quais são os sinais de alerta para o transtorno. Saiba, porém, que os sintomas podem ser diferentes em cada pessoa. A psicóloga Janeth Pinheiro esclareceu que crianças, adolescentes, adultos e idosos apresentam manifestações distintas.

No entanto, é comum existir os pensamentos ruminativos, que são os padrões de negatividade. Além disso, também há a solidão (isolamento), desamparo e falta de esperança. No cérebro, ocorre a dificuldade de vivenciar emoções positivas e regular as negativas.

“Em observação do movimento sanguíneo na área do cérebro, é percebida alta agitação no Cerebelo, ACC e Tálamo, o que reflete em alta ruminação de pensamentos negativos sobre o mundo, sobre si mesmo e os outros, assim como a dificuldade de organizar os pensamentos e autorregulação”, descreveu a especialista.

A partir desses sinais, é possível realizar o diagnóstico. “Quanto maior a agitação e o movimento sanguíneo nessas áreas do cérebro, maiores são os sintomas. O tratamento tem que considerar tudo isso, para liberar e ordenar os pensamentos e ajudar na regulação dessa ruminação”. 

 

Mais do que tristeza

A depressão ainda costuma ser vista como uma doença que causa “apenas” tristeza. Porém, com tantas alterações cerebrais, os desconfortos são intensos. 

“Existe um cérebro com dificuldade de regular a tristeza, uma autorreferência no córtex cingulado anterior super ativada, onde a pessoa não consegue sair da autorreferência de que ela não vale a pena. Percebemos uma aversão à mudança, por desistência, de pensar que não adianta mais. Junto com isso, há a baixa de serotonina e dopamina. É algo químico e psicológico, pois tem a ver também com a  história de vida”, detalhou Janeth.

Por tudo isso, a lista de sintomas é longa e vão além da saúde mental, incluindo também incômodos físicos. Por exemplo:

  • apatia;

  • sentimento de culpa;

  • tristeza;

  • desesperança;

  • insônia ou muito sono;

  • falta ou muito apetite;

  • baixa autoestima;

  • isolamento social;

  • irritabilidade;

  • ansiedade;

  • cansaço extremo;

  • dores pelo corpo;

  • problemas gastrointestinais.

Você se identificou com esses sintomas ou sente qualquer outro sofrimento psíquico? Procure ajuda profissional. A depressão tem tratamento e podem ser utilizados medicamentos e sessões de psicoterapia. 

 

A depressão tem cura? 

Não deixamos de perguntar à psicóloga Janeth Pinheiro se a depressão tem cura. Segundo ela: “no meu entendimento, não podemos afirmar que existe cura, entretanto a depressão é uma das condições de saúde mental mais tratáveis. São muitos tratamentos diferentes que estão disponíveis para controlar os sintomas”.

É preciso observar o que mais incomoda cada pessoa e, assim, personalizar os cuidados. “Um plano de tratamento que inclui intervenções médicas, apoio e mudanças no estilo de vida pode permitir que uma pessoa viva de forma normal e plena”. 

Ela acrescentou: “a medicação serve para tentar fazer o cérebro funcionar na sua totalidade, estimular o córtex pré-frontal e a diminuição do funcionamento da amígdala. No processo terapêutico, vamos tratar o trauma (como essa pessoa entendeu que não valia a pena) e também trazer outro cenário, trazer o mundo para ela”.

 

Um amigo ou familiar está com depressão?

É angustiante perceber que alguém que você ama está com a saúde mental abalada, seja com depressão ou outro transtorno psiquiátrico. Nesses momentos, o apoio é fundamental, como ressaltou a psicóloga. 

“Os estudos comprovam que indivíduos com relacionamentos sociais de apoio são relatados como tendo uma probabilidade 50% maior de sobrevivência do que aqueles com relacionamentos de menos apoio. A solidão e o isolamento social, ao contrário, têm sido associados a uma variedade de complicações de saúde, incluindo depressão, alterações nos níveis de inflamação sistêmica, aumento de doenças coronarianas, acidentes vasculares cerebrais e aumento do risco de mortalidade”, especificou.

Portanto, para ajudar, é essencial mostrar que você se importa com essa pessoa e ouvi-la sem julgamentos. É importante ainda contribuir para que ela se mantenha ativa e tenha reforços positivos, ou seja, ressaltar as qualidades boas dela. 

”Incentive a buscar ajuda, obtendo informações sobre serviços disponíveis. Auxilie na procura por profissionais de saúde, psiquiatra e psicólogo. Enfim, acolha essa pessoa, pois qualquer coisa que ela disser pode representar um pedido de ajuda. Valorize isso”, resumiu Janeth. 

 

Estamos aqui por você

Caso você ou outra pessoa do seu convívio esteja em sofrimento psíquico, com depressão ou outra condição, saiba que é possível buscar ajuda na Medpaz, a clínica médica do Grupo Paz Universal, que conta com profissionais de saúde mental. 

Clique aqui, converse com nossos consultores e veja como obter atendimento. 

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